Caro Luis
Tal como publicaste a achega que te fiz chegar sobre a Elmo, o nosso amigo Pedro Laranjeira e eu próprio, também através de ti, para todos, quero reafirmar a minha grande amizade pelo Pedro e testemunhar dele a lucidez, a criatividade, a coragem a determinação e a inteligência que utilizou sempre, em cada trabalho que realizou, criando através dos sons autênticos manifestos de protesto e alerta sobre a forma como éramos vistos.
De todos nós, foi seguramente dos mais criativos, inventando sempre a solução certa para a diferença entre o clássico e o “arrumadinho” , a novidade, a inovação e o diferente, que sabia produzir em cada colagem e ligação sonora que fazia e dominava com destreza.
O meu “esclarecimento” não era de facto um “esclarecimento”. Era para ti, para ajudar a tua memória no descritivo de um tempo onde aconteceram muitas e múltiplas situações, onde alguns de nós fomos protagonistas com testemunho próprio, que não se compadece com esquecimentos e alterações de autoria.
Não pretendi, nem pretendo “fazer a história” de ninguém, nem da rádio.
Acho que para a história da Rádio todos os contributos são essenciais, ainda para mais quando estão vivos alguns dos grandes protagonistas de um tempo longo, numa rádio que foi escola de grandes profissionais que se afirmaram e afirmam ainda (alguns) na rádio que ainda hoje se faz.
Reportei-me apenas a um pequeno lapso, onde deixavas de fora alguns protagonistas daquele instante de ouro, que foi partilhado por pessoas que sempre souberam celebrar a criatividade como lema e horizonte de chegada em tudo que têm feito.
No “tempo do Pedro”, como ele tão bem sabe e soube reconhecer no excelente texto que escreveu, estiveram o
Claro que me refiro, aos “putos de 20 e poucos anos” que eram olhados com sobranceria por alguns amigos dedicados que “apresentavam” e “locutavam” as mensagens de regime e outras que resultavam, claro, da diferença entre todos. Os “putos” que agitavam os canais com experiências sonoras diversas, onde o Pedro sobressaia com a irreverência e provocação próprias do rapagão que tinha um “olhar diferente do mundo”, não se resignando ao comando da automaticidade dos que mandavam, o Gouveia se agigantava no timbre do spot perfeito, do
História que naquele período áureo de
Mas…… como disse História, que retenho intacta no local próprio do flashback, onde todo o passado se contém, sobretudo, quando vivemos cada instante do tempo como formulação do futuro, que todos os dias nascem de cada acto que realizamos.
Por isso Luis este “esclarecimento final”, para te dizer que me retiro para o meu local de observador do mundo, dos amigos e dos acontecimentos, deixando cada um na memória do seu tempo.
No meu cabem todos, como é óbvio com algumas distinções, mas todos. Os mais próximos e chegados e os mais distantes.
Nos mais próximos nunca esquecerei aquela figura mágica, que as miúdas tentavam, de um rapagão sempre vestido de preto, que deslizava pelos corredores para se sentar naquelas mesas e consolelttes, onde o tempo se recompunha na afirmação das harmonias que o Pedro Laranjeira tão sabiamente sabia construir.
Abraço a todos e bom almoço.
Como sabes não poderei estar presente, mas deixo um abraço a todos e o desejo de que celebrem o futuro na memória do tempo de vida que a todos foi possível viver da forma tão intensa e criativa como cada um a soube viver.
Bem hajam
Manuel Tomaz
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